Todos os dias novas informações a respeito do impacto global do novo coronavírus na saúde, no dia a dia das pessoas e na economia são noticiadas. O impacto econômico das medidas tomadas com o intuito de reduzir a propagação do vírus afetaram diretamente toda a cadeia global de suprimentos, na medida em que fábricas, pontos comerciais, lojas são fechadas e a circulação de bens e pessoas foi restringida.
As perdas para a economia mundial já chegam aos US$ 50 bilhões.
Atualmente, as práticas de produção enxuta são largamente aplicadas nas organizações, buscando reduzir ao máximo o estoque de produtos. Além disso, muitas empresas posicionam seus centros de produção em locais de menor custo de fabricação como a China, realizam a montagem em outra planta e por fim vendem globalmente. Nesse cenário, uma disrupção, como o do Coronavírus, provoca uma falha generalizada da cadeia de suprimentos.
Alguns exemplos práticos dessa falha são:
- Pausa na produção da Fiat-Chrysler na Sérvia devido a falta de componentes da China;
- Pausa na produção da Hyundai na Córeia do Sul devido a falta de componentes chineses;
- Apple reduziu a produção de celulares devido ao fechamento de fábricas na China;
No Brasil, de acordo com o Valor Econômico, exportadores começam a sofrer com a falta de contêineres, portos fechados e caminhões parados. Os importadores, por sua vez, sofrem com a paralisação de atividades da China, vendo uma retração de 35% a 40% no volume de carga importada, fazendo com que as fábricas sofram com falta de peças e matéria-prima.
De acordo com relatório da Dun & Bradstreet 938 das 1000 empresas da lista Fortune 1000 tem um fornecedor de primeira ou segunda categoria que foi afetado pelo vírus, além disso, a atividade econômica na China reduziu 56%.
De acordo com Mikkel Brun, em artigo da Supply Chain Digital, a crise do coronavírus serve, entretanto, para evidenciar um fato: a cadeia de suprimento global é frágil e extremamente dependente da China. Ele aponta que essa fragilidade decorre do fato das cadeias de suprimentos:
- Apresentarem níveis baixos de estoque;
- Serem muito rígidas;
- Apresentarem gerenciamento manual;
- Apresentarem baixa transparência;
- Estarem focadas em poucos centros de produção;
A crise, por sua vez, forçará um redesenho da cadeia global de suprimentos. Nick Veyas, especialista da Universidade do Sul da Califórnia diz que o custo não pode mais ser o fator dominante na análise da cadeia de suprimentos, mas deve ser dado um novo foco a sua diversificação, resiliência e controle de riscos.
O desafio para a economia global é grande. Como aponta Alessandro Nicita, economista da ONU, a China criou uma grande rede de infraestrutura e transporte para o abastecimento de produtos, com portos e aeroportos exclusivos para exportação. No médio e longo prazo, segundo ele, o mundo deve buscar novos fornecedores, porém isso exigirá tempo.